sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Os avanços e desafios dos professores

No dia 15 de outubro é comemorado o dia do professor. Neste mesmo dia em de outubro de 1827, através de um decreto imperial de D. Pedro I, era criada a Lei Geral relativa ao Ensino Elementar. Este decreto veio a se tornar um marco na educação imperial, que passou a ser a principal referência para os docentes do primário e ginásio nas províncias. A Lei tratou dos mais diversos assuntos como descentralização do ensino, remuneração dos professores e mestras, ensino mútuo, currículo mínimo, admissão de professores e escolas das meninas.

A primeira contribuição da Lei foi determinar, no seu artigo 1º, que as Escolas de Primeiras Letras, hoje, ensino fundamental, deveriam ensinar, para os meninos, a leitura, a escrita, as quatro operações de cálculo e as noções mais gerais de geometria prática. Às meninas, estavam excluídas as noções de geometria. Elas aprenderiam a costurar, bordar, cozinhar, e outras tarefas que as preparavam para a economia doméstica. De lá pra cá muita coisa mudou, outras nem tanto na educação.

Nesta semana o jornal OBV traz uma entrevista com uma das conhecidas professoras da região e que viveu muitas mudanças desde que começou a lecionar. A entrevistada da semana é Marilia Soethe, também muito conhecida como Dona Maninha. Essa querida ex-professora nos recebeu em seu lar, e deu uma aula de como dar aula.

OBV – Em que ano a senhora iniciou no magistério e durante quanto tempo atuou?
MARÍLIA: Eu comecei no dia 01/06/1950 lá na Volta Grande, a convite do sempre querido Alfredo Cordeiro. Todo o pessoal era gente muito boa, mas eu estranhei muito, devido a situação que estava, pois eu nunca tinha saído, e era muito no interior. As estradas eram muito ruins. Saí de uma casa boa pra ir morar lá, mas lá até dava pra morar tranquilamente. Nunca fui exigente. Dava pra trabalhar com bastante crianças. Se for contar todo o tempo que dei aula, passou dos trinta e dois anos e meio. Comecei na Volta Grande, fui removida pra Bracatinga, passei pelo Ribeirão Pinheiro e depois que terminei meus estudos, fui pra Luiz Bertoli.

OBV – Naquela época qual era o papel do professor na vida das crianças e jovens?
MARÍLIA: O papel principal era procurar o máximo, pra poder passar ensinamentos pra vida deles. Não ensinei somente a ler e escrever, mas ensinei-os a viver no mundo dentro da fé e dentro dos conhecimentos, do respeito e do amor aos pais.

OBV – Como eram as escolas em que a senhora trabalhou?
MARÍLIA: Eram casas humildes. A gente morava na casa e dava aula numa sala que tinha. Mas dava pra ensinar e viver. Agradeço muito a Deus por essas casas. Tínhamos poucas condições. Apenas um mapa, por exemplo. Eu mesma trazia muitos dos meus livros pra poder ensinar melhor as crianças que eu tanto gostava. Era muito difícil.

OBV – O que mais lhe trouxe satisfação dentro do magistério? O que mais lhe decepcionou?
MARÍLIA: A maior satisfação foi que Deus me concedeu a perseverança, fé e conhecimentos para eu transmitir pros alunos e essas escolas que me deram a condição de criar minhas duas filhas órfãs. Decepções? Não tenho. Uma bobagem ou outra. Entrei e saí de bem com todos. Não tenho palavras para agradecer a Deus por me dar força pra dar aulas e criar minhas filhas.

OBV – Como a senhora vê a educação no Brasil hoje?
MARÍLIA: Eu acho que evoluiu em certos pontos, já em outros, acho que não. Tem muita evolução de aparelhos tecnológicos, e os alunos estão esquecendo de usar a cabeça. Usam mais aparelhos como a calculadora, pois nem sabem a tabuada, que desenvolve a mente, vão pela máquina. Eu ainda faço muitas contas de cabeça, pois tive um grande professor;Vitor Butzke. Ele me deu aula até a quarta série. Ele ensinava tanto os conhecimentos de aulas, como ensinamentos de vida

OBV - Sobre a relação professor- aluno nos primeiros anos como professora e hoje, há muita diferença?
MARÍLIA: Tem muita diferença. Quando eu comecei, os pais cuidavam muito que as crianças obedecessem, respeitassem e estudassem. Davam um grande valor para o professor e queriam que seus filhos aprendessem. E hoje por causa de computador e da internet que ensinam muito, e prejudicam muito também. A solidariedade e o amor estão acabando. Coitadas das crianças e dos jovens, tenho pena deles. Os professores, como dizem por aí, como acham que recebem pouco, alguns querem ensinar pouco também. Mas quero deixar uma mensagem pra todos: “com pouco se vive, e com muito se passa”.

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